O poeta Murillo Aranha nasceu em Macaíba (RN) a
24 de julho de 1890 e faleceu em Lages a 23 de junho de 1919. Foi um poeta
coevo de Câmara Cascudo, e colaborou em muitos jornais de Natal, especialmente
“Gazeta do Comércio”, “Trabalho”, “Diário de Natal”, “República” e “Imprensa”.
Era secretário da Intendência Municipal e Diretor do Externato Coronel Cascudo,
em Lages (Cascudo, 1921).
Escreve Cascudo, em estilo primoroso;
… Mas, é preciso explicar a origem do “Alma Patrícia”. Vai nisto
a minha desculpa e desobriga. Em 1918, Murillo Aranha e eu resolvemos publicar
um livro de crítica, de impressão paciente e forte à vida intelectual do RN.
Com a facilidade dos trabalhos projetados, estendemos a idéia a um verdadeiro
inquérito aos mortos e aos vivos. Murillo, creio que não chegou a escrever
coisa alguma. Demorando de uns a outros, fui reunindo as minhas velhas
opiniões…
Ao final do “ Em Vez de Prefácio”, Cascudo escreve:
Em junho de 1919, estava no Rio quando Murillo Aranha morreu em
Lages. Voltando a Natal trouxe o trabalho que havia feito e mandei-o editar.
Daí em diante recomecei campeando impressões em terras alheias e o livro
dormindo na esterilidade das banquetas tipográficas. Einfim, ei- lo… ( 1921).
Obs minha. Murilo estava em direto contato com Cascudo, a maior
referencia literária da época. Murilo morreu precocemente e muito teria
contribuído para a literatura do estado, caso não tivesse sido molestado em tão
tenra idade.
No livro “Poetas do Rio Grande do Norte” do Ezequiel Wanderley
1922, existem mais dados que complementam a informação bibliográfica do poeta
Murillo. Além do que foi selecionado do Murilo Aranha, o excelente soneto de
temática indígena “ A Jandaia”.
TRAÇOS BIOGRÁFICOS:
Nasceu na cidade de Macahyba Murilo
Aranha a 24 de julho de 1890. Era filho do major Fortunato Rufino Aranha e de
d. Bernardina Aranha. Muito criança ainda, publicou os seus primeiros versos
aos 14 anos de idade.
Mais tarde dedicou-se ao jornalismo tendo escripto em vários periódicos
literários que circulavam nessa capital.
No Rio de Janeiro, fez parte da redação do Correio da Noite e d´A Revista Azul.
Residindo depois, na Vila de Lages, deste estado, ali fundou o jornal A Pátria,
de que foi diretor.
Estudante de odontologia, na capital do Paiz, foi atacado por terrível moléstia
que o privou de concluir o curso.
Deu, como poeta, publicidade ao poemeto Cezar Bórgia e ao livro Nevroses, não
tendo sido possível editar A Cathedral, outro volume de versos.
Murilo Aranha, succumbiu , em Lages, aos 23 de junho de 1919
(Wanderley, Ezequiel 1922).
Obs. Tentei ao máximo deixar a grafia antiga como está redigido
essa excelente e fundamental antologia para conhecimento dos nossos poetas
primevos
A JANDAIA
De bom pagé, na rústica morada,
Descansa, langue, a virgem tabajara…
Pensa, talvez, n´aquella idolatrada
Visão de amor, que ao peito seu guardara…
Suspira, e cora. E treme, à voz maguada
Das outras virgens a cantar; repara
Em tudo, em tudo, que lhe cerca e, em cada
Face, a saudade mórbida depara…
Depois, desfolha o riso meigo e franco…
Quer ver o vulto, do guerreiro branco
E, em volta, à mata o terno olhar espraia…
Mas, vê somente a verde cor suprema
Da selva! E a doce e cândida Iracema
Chora, escutando o canto da Jandaia!…
No livro “Panorama da Poesia norte-Riograndense” do Rômulo C.
Wanderley. Editora do Val Ltda, 1965, são fornecidos mais alguns dados
biográficos relevantes:
Murilo Aranha era filho do livreiro Fortunato Aranha e de
Bernardina Aranha, tendo nascido em Macaíba, a 24 de julho de 1980. O seu
primeiro livro foi publicado aos 14 anos de idade. Trabalhou na imprensa de
Natal, e do RJ. E na cidade de Lages, onde passou a residir, em busca de
melhora para a saúde, faleceu a 23 de junho de 1919 ( quase no dia do seu
aniversário natalício) depois de ter fundado o jornal “ A Pátria”
Foi um dos reais talentos da sua geração (Wanderley, Rômulo
1965). Em Panorama da Poesia …, foi escolhido esse belo soneto do poeta Murillo
Aranha
ÚLTIMA PÁGINA
Esse é o meu evangelho; e tu o que lesse, escuta:
Adoro a Natureza – onde a vida se agita;
Somente Deus é grande, e em tudo ele palpita,
Da coisa mais pequena à rocha egrégia e bruta
Tudo no mundo é dor; tudo no mundo é luta;
Luta cruel, que faz a dor- deusa infinita …
Se alguém aqui sorri – além soluça aflita,
A alma de outro alguém, que o infortúnio enluta
Tudo o mais é miséria, hipocrisia e crime;
Somente a dor é grande e nobre, é santa e exprime
O fim que nos conduz à purificação …
Creio em ti, creio em Deus, creio no teu amor,
Que floresceu do pranto e se nutriu de dor,
E fez ressuscitar em mim o Coração!
É com essa dor, que tudo cura e tudo pode, que concluo essa
pequena pesquisa solicitada pelo meu amigo Karl, agradecendo sobremaneira a
oportunidade de conhecer melhor esse grande poeta norte-riograndense. As três
referências bibliográficas consultadas nessa pesquisa se complementam, sendo
que o Ezequiel Wanderley fornece mais detalhes sobre a vida do poeta e obra do
grande poeta Murillo Aranha…
BIBLIOGRAFIA
César Bórgia (Sonetos). Tip. De
Augusto Leite de Natal, 1918
Nevroses ( Versos) . Livraria Leite Ribeiro & Maurílio. Rio 1919
Deixa “ Catedral”, quase completo
Fonte Bibliográfica: Cascudo, L.
Câmara Alma Patrícia – Crítica Literária 2ª ed. 1998 Fundação José Augusto
Natal – RN.
Do “ Em Vez de Prefácio”, da 1ª ed. ( 1921) de Alma Patrícia.
FONTE – SUBSTANTIVO PLURAL
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